O Coletivo

Blog do escritor Juliano Rodrigues. Aberto a textos gostosos de quem quer que seja. Contato: julianorodrigues.escritor@gmail.com

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

"O asno de ouro de Maurizio" (Cattelan), com moedinhas de chocolate: “



PLIM

Juliano Barreto Rodrigues

Desviante.
Um outsider a la Colin Wilson.
Cínico emblasesado e a mil por hora.
Típico desatipado.

Distópico,
Atópico social,
Nietzsche-foucaut-bukowskiano,
E etcetriante.

Às vezes, Mallarmético silente,
Apontando sentido no branco da página.
Gênio encouraçado,
Retrato de barro criado por divinas mãos.
Queimado em forno tosco,
Mas ainda um ás.

Derridamente obscuro.
Asno de Apuleio
Retrato divino com pés de barro.
Intitulado em ouro, mas nem menos asno,
Nem menos homem,
Nem menos ás.

Vituperante gárrulo,
A vociferar contra desimportâncias
E a pouco se importar com o 'relevante'.
Obsceno!

De dentro da sua fantasia de invisível,
Protubera dardos, jacta desaforos aos quatro ventos.
Figurinha estranha...

(Essa no espelho).


Presente para Madame Heloisa, amiga da família e blogueira.







Eis a transcrição da dedicatória:

Madame Heloisa,

Escrever é como se dedicar à cozinha experimental. De início já se sabe o efeito que se pretende obter, se o resultado será doce, salgado, agridoce... e os ingredientes que serão utilizados. De resto, é pôr mãos na massa, soltar a louca da casa (a imaginação, a criatividade – que é a imaginação aplicada, limitada pelo resultado prático desejado), levar ao misturador, ou à geladeira, ou ao fogo, e torcer para que o produzido fique bom. Sempre se espera algo novo, uma receita original e deliciosa. Mas o mero fato de ser autoral já garante o prazer da criação.
Tanto escritor como o cozinheiro experimental querem protagonizar, não se contentam em copiar. Assim funciona a cabeça de todo artista: revelar a si mesmo, parindo algo novo a cada inspiração. Toda atividade pode ser assim, basta colocar o coração em tudo quanto se ponha as mãos.

Abraço!

Juliano


24/12/2016.



"Em 'A louca da casa', a jornalista e ficcionista Rosa Montero fala da literatura, dos escritores com suas histórias e personagens, da imaginação e da narrativa ficcional. Mas aos poucos, para a surpresa de quem lê, a autora se oferece em espetáculo no ato de imaginar e criar uma narrativa literária com a sua própria biografia, e do mesmo modo vai revelando os segredos da corporação dos escritores. Surgem então os fingimentos de Goethe, a doença de fracasso de Walzer e a síndrome do sucesso de Capote, o drama do reconhecimento póstumo com Melville, o egoísmo de Tolstoi, a vaidade de Calvino, de modo que as entranhas da criação literária vão se tornando íntimas. Enfim, ficção, ou uma fabulação sobre os inventores de fábulas, a obra vai revelando como a vida de qualquer um de nós não funciona de modo diferente das narrativas ficcionais." 

(Fonte: Livraria Cultura. Sinopse disponível em <http://www.livrariacultura.com.br/p/a-louca-da-casa-759868?id_link=13574&gclid=CNT7y--elNECFVIFkQodW3UACA>)


terça-feira, 13 de dezembro de 2016


                        

                        N

Juliano Barreto Rodrigues.

Deriva...
Derriba da pálpebra a lágrima.
À deriva e à pino
Sem tino ou prumo...

Valsando em gume
de navalha cega,
pontificando no vácuo,
repleto de nada por todos os lados.

Veleiro sem farol
Em noite escura e sem brisa.

Vontade de perder-se,
Degenerar,
Afogar no mar de dentro.
Sumir em si
Reduzir até não caber

Deriva...
Derriba da pálpebra a lágrima.
À deriva e à pino
Sem tino ou prumo...
Que rumo?




Tecendo às Cegas